O MÍNIMO QUE VOCÊ PRECISA SABER SOBRE A POLÍTICA – 19 JAN 24
Ao Mestre, com carinho!

Imagem por: Olavodecarvalho.org
Ajude o expressão a melhorar
Deixe sua sugestão, comentário ou feedback a respeito da nossa nova newsletter
- contato@expressaobrasil.com.br
- (61) 99194-9966
1) Oriente contra Ocidente
Categoria : Política
Este é o Capítulo XVI do meu livro A Marcha dos Abismos. A Dupla Tragédia da Utopia, que ainda não pude terminar para publicação. Redigido em 2017, este é um dos inumeráveis escritos e gravações de aulas que provam, para suprema decepção de Ninguéns e ninguemzistas, a insuperável distância crítica que me separa de todo “perenialismo” guénoniano-schuoniano. A destruição do Ocidente, no entanto, não seria nem mesmo pensável se aos males reais e supostos da civilização visada se opusesse apenas a crítica, por mais corrosiva que fosse. Era preciso levantar no horizonte a as virtudes que faltavam à civilização criticada. Só assim a crítica perderia o ar de mera objeção teórica e se transformaria no guiamento prático em direção a uma meta real. Essa meta, por sua vez, não poderia resumir-se à imagem embelezada de um socialismo futuro, que justamente por ser apenas um ideal hipotético perdia metade da sua força de ataque. Foi assim que ao amaldiçoado Ocidente acabou se opondo, quase que por automatismo, o mais óbvio e o mais fácil modelo alternativo cuja simples localização no espaço parecia predestinar a esse papel: o Oriente.
6) Intimação
Categoria : Política
Até os anos 80 do século passado, programas como sex lib, feminismo, gayzismo, abortismo e liberação das drogas eram, para os governos comunistas, desvios pequeno-burgueses criados pelo imperialistas ianques para afastar a juventude da luta pelo socialismo. Decorrida uma geração, todos esses temas foram absorvidos no discurso revolucionário e muito contribuíram para que o esquerdismo, aparentemente condenado à morte pela queda da URSS, não só sobrevivesse como se tornasse a força política dominante na Europa e nas Américas. Se isso não basta para tornar evidente a potência de autotransformação camaleônica do movimento revolucionário mundial, não sei mais quantos desenhos seria preciso esboçar no quadro negro para ilustrá-la. No entanto, pouquíssimas são as inteligências que, nas hostes liberais e conservadoras, se deram clara conta desse fenômeno e de suas conseqüências. Mas outras mutações concomitantes, tão vastas e profundas como essa, vieram a tornar o panorama ainda mais confuso.
7) El mayor
Categoria : Política
18 de novembro de 2015
O ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva leva uma vida invejavelmente rica e apaixonante, mas num ponto ele tem razão de se queixar: é o homem mais incompreendido do Brasil. Nunca um personagem foi tão falado, comentado, analisado, louvado e achincalhado sem critério nem senso de observação, sem comparações objetivas nem conceitos descritivos apropriados. Cada um exerce ferozmente, a respeito dele, a paixão humana de juntar palavras no vazio para obter, da contemplação da mera ordem gramatical, a sensação voluptuosa de ter dito algo de importante. Das muitas teorias que circularam sobre o personagem, talvez a mais imbecil seja aquela que o considerava um imbecil. Eu mesmo, confesso, me senti de início tentado a julgá-lo um incapaz, um trapalhão de comédia da Atlântida. Como tantos outros, fui levado a isso pela impressão da sua aparência entre desleixada e grotesca, da sua retórica populista, das suas hediondas metáforas futebolísticas, da sua dislalia renitente que trocava os “ss” por “ff”. Mas nenhum homem pode ser julgado pela falta de qualidades que nunca lhe interessaram. É preciso medi-lo pelo que ele tentou fazer e pelos resultados que obteve.
8) Difícil resposta
Categoria : Política
Fora de alguns círculos discretos de neo-estalinistas, muita gente de esquerda reconhece hoje que o comunismo soviético foi uma tirania genocida e uma economia tão louca e ineficiente que acabou por se auto-eletrocutar. O problema é que, ao persistir na esquerda, essa turma nos deixa sem uma resposta razoável para a seguinte e incontornável pergunta: Se o comunismo foi tão ruim, por que deveríamos admitir que o monopólio do bem e da virtude reside, hoje, naqueles que o apoiaram e não naqueles que o combateram? Por que os herdeiros ideológicos que só renegaram o comunismo quando ele já estava morto e não havia mais meio de salvá-lo são pessoas mais decentes do que aqueles que o enfrentaram de peito aberto, arriscando a vida e a honra, quando ele era vivo e todo-poderoso? Por que chamar de heróis os que fomentaram o crime e de vilões os que tentaram detê-lo? Será porque Hitler foi anticomunista? Mas Hitler também foi antitabagista, e ninguém sai por aí fumando só para ostentar antinazismo. Hitler foi vegetariano fanático, meio veganista, mas vegetarianos e veganistas pululam na esquerda mais que na direita, sem que ninguém os olhe com desconfiança.
Por : José Nivaldo Cordeiro
9) Moral e política
Categoria : Política
4 de Junho de 2002
“History is again on the move” (Toynbee).
Fazer política não é necessariamente fazer o bem. Essa verdade é tão antiga quanto a obra de Maquiavel. O grande perigo é justamente confundir os campos de ação, o da moral e o da política. No âmbito moral, temos sempre a polaridade bem e mal, opostos irreconciliáveis. Quando se projeta no jogo político esses referenciais morais, não reconhecendo a sua especificidade, cai-se necessariamente no maniqueísmo, de tal sorte que tudo que aquilo que me é semelhante é bom e tudo que me é diferente é mau. Então é possível afirmar que quem confunde moral com política esconde em si uma inclinação totalitária e intolerante, incapaz de conviver e aceitar o jogo democrático, ainda que disso não tenha consciência. Quando moral e política são confundidos, ocorre o preâmbulo da ditadura e o totalitarismo. A política, vista por sua própria especificidade, é a maneira do homem maduro percebê-la. Todos aqueles que, de alguma forma, foram tocados pelos ideais do liberalismo político, aceitam essa realidade e estão preparados para a alternância de poder e o respeito à vontade das maiorias. Só quem aceita o ideário liberal – ainda que não o saiba – é que pode conviver com os diferentes e aceitar o governo daqueles que eventualmente venham a detestar.
Por : Maria Lucia Victor Barbosa
10) Política desavergonhada
Categoria : Política
Se no Brasil o voto fosse facultativo, como o é na maioria dos países, possivelmente muita gente se absteria de votar. Não que as pessoas não gostem de política, gostam e muito, mas o fato é que elas andam profundamente desgostosas com os políticos. Este desgosto vem aumentando com a eclosão de escândalos que têm no seu cerne a corrupção que, diga-se de passagem, é velha companheira da sociedade brasileira desde seus primórdios. A novidade é que a corrupção existente no meio político nunca foi tão noticiada nem tão punida como agora, se bem que ainda que de forma insuficiente, pois uma enorme quantidade de ladrões da coisa pública estão livres, leves e soltos, aproveitando a doce vida que os frutos do seu patrimonialismo desenfreado lhes proporciona. Se a maioria desses larápios permanece sempre em altos cargos ou consegue se reeleger com grande facilidade, por outro lado pode-se dizer que os eleitores estão mais atentos e críticos. Na verdade o País tem sido varrido por uma onda de moralidade cívica. Tal fenômeno proporcionou ao PT inúmeras vitórias, justamente por ser este partido considerado a vestal de pureza imaculada em meio às raposas peludas e os lobos vorazes da esfera política.
Por : Francisco Campo
11) A política e as características espirituais do nosso tempo
Categoria : Política
Proferida no salão da Escola de Belas Artes em 28 de setembro de 1935, publicada pela Imprensa Nacional em 1939 e depois recolhida em O Estado Nacional (Rio de Janeiro, José Olympio, 1941), esta conferência é, segundo Wilson Martins, “um dos grandes textos da nossa literatura política, não apenas pela argúcia profética com que analisava os sinais dos tempos, mas ainda pela alta qualidade do estilo e a gravidade do pensamento”(História da Inteligência Brasileira, São Paulo Cultrix, 1979, vol. VII, p. 43). A posterior colaboração de Francisco Campos com o Estado Novo não empanaria em nada o brilho desta e de outras contribuições suas ao pensamento brasileiro, se as idéias que veiculam não tivessem se revelado, justamente por causa de sua veracidade profunda, impossíveis de assimilar ao discurso esquerdista oficial, como aconteceu sem maiores problemas com as de tantos outros adeptos do varguismo. “A Política e as Características Espirituais do Nosso Tempo” é um documento de valor inestimável, que por tempo excessivo tem permanecido oculto e esquecido dos estudiosos e do público em geral. Recolocá-lo em circulação é um dever essencial, que este site pôde cumprir graças à colaboração do Prof. Bráulio Porto Matos, da UnB, que nos presenteou com um exemplar da primeira edição do texto, e ao qual nesta ocasião agradecemos. – O. de C.
Por : Gilberto Freyre
12) O fator racial na política contemporânea
Categoria : Política
Nota de O. de C. – Quem sugeriu este texto de Gilberto Freyre para as Leituras Recomendadas foi o meu aluno Cássio Pereira Lima, de São Paulo, que me enviou, com ele, a seguinte carta:
15 de agosto de 2000
Prezado amigo e mestre Olavo de Carvalho
Encaminho-lhe, em anexo, o artigo de Gilberto Freyre intitulado “O Fator Racial na Política Contemporânea”, publicado em 1982, cuja conclusão converge para a tese que você tem enfaticamente demonstrado quanto à bem sucedida forma de integração racial ocorrida no Brasil, em que pesem os esforços divisionistas fomentados pelos patrocinadores da “affirmative action” no país. Conforme dirá Gilberto Freyre, a prevalência do fator cultural em detrimento do apego ao sentimento de raça constitui a base do sucesso brasileiro. Nosso modelo é exemplo para o mundo e, no entanto, hoje estamos sendo ludibriados por mercadores de ilusões que nos oferecem dinheiro para cairmos em desgraça. Sendo assim, resta-me cumprimentá-lo pelo seu abnegado empenho em despertar o país da letargia intelectual, resgatando-o da condição de gado tangido para o abismo e oferecendo-lhe não a quimera do direito a quotas raciais, mas a serena quota de orgulho e lucidez lastreada em soluções práticas desenvolvidas em 500 anos de história, que os ditos “civilizados” buscam em vão.
13) Tributo a Olavo – Prof. Valdemar Munaro
Categoria : Política
Este nobre e generoso espaço de Percival Puggina me dá a possibilidade de render singela homenagem ao dom e serviço intelectuais prestados a todos, especialmente a nós brasileiros, pelo nosso querido Olavo de Carvalho, recentemente falecido. O panteão dos escritores e dos intelectuais reúne, segundo Allam Bloom, gigantes e anões. É na garupa daqueles que estes podem vislumbrar coisas impossibilitadas de ver por suas estaturas. Os gigantes, quando tais, se assemelham a desbravadores abrindo sendas nas selvas a fim de outros trilharem caminhos antes não percorridos. Gigantes intelectuais não são muitos, nem frequentes, por isso devemos amá-los, estudá-los, auscultá-los, perscrutá-los e agradecê-los, pois, nos fazem transcender da miopia que nos faz ver bem o perto, mas mal o longe a fim de enxergarmos o que nossa mediocridade impossibilita. Olavo, como muitos disseram, inclusive nosso presidente, está, certamente, entre os poucos pensadores brasileiros gigantes. Sua obra ultrapassa os limites das paixões, opiniões e/ou modismos que normalmente nos aprisionam.
14) A Arte de Saber, Prever e Poder
Categoria : Política
Live sobre as inúmeras previsões políticas acertadas de Olavo de Carvalho nos últimos 25 anos.
Convidados: Silvio Grimaldo, Bernardo Küster, Leandro Ruschel, Ernesto Araújo, Abraham Weintraub, Arthur Weintraub e Allan dos Santos.
15) As garras da Esfinge – René Guénon e a islamização do Ocidente
Categoria : Política
Verbum, Ano I, Números 1 e 2, Julho-Outubro de 2016
I
As transformações históricas e espirituais profundas que vão determinar o futuro da humanidade estão tão distantes da nossa mídia, da nossa vida universitária e, de modo geral, de todos os debates públicos neste país, que com certeza aquilo que vou dizer neste artigo parecerá estratosférico e alheio à realidade imediata. O doente incurável que geme de dor num leito de hospital dificilmente se interessará, nessa hora, pelas controvérsias médicas, bioquímicas e farmacológicas que se desenrolam em países longínquos e em idiomas que ele desconhece, mas das quais poderá vir, um dia, a cura da sua doença. O que mais de perto diz respeito ao seu destino lhe parece distante, abstrato e alheio à sua dor. Os que se interessam pelo futuro do Brasil deveriam prestar atenção ao que vou lhes dizer aqui, mas será muito difícil fazê-los ver que que uma coisa tem algo a ver com a outra. Vou começar analisando a resenha que um autor desconhecido neste país faz do livro de outro autor igualmente ignorado por aqui.
16) Instituições criminosas
Categoria : Política
Já comentei aqui, brevemente, a pesquisa da CNT sobre a queda da confiança popular nas várias instituições e a do Datafolha que mostra o abismo de diferenças entre a opinião popular e a dos políticos. (Veja meu artigo descrédito_geral e as fontes: http://imguol.com/blogs/52/files/2015/07/pesquisa-cntmda-128-relatorio-sintese.pdf e politicos-brasileiros são mais liberais do que o eleitorado diz pesquisa.) O confronto dos resultados leva a uma conclusão inexorável: no sistema representativo brasileiro, os representantes não representam a vontade dos representados. Tampouco a representam o poder executivo, os juízes, os comandantes militares e outras excelências cujas opiniões majoritárias seguem as dos políticos, não as do povo, o qual por isso mesmo, como se vê na pesquisa da CNT, não confia em nenhuma dessas criaturas nem vê nelas os porta-vozes dos seus interesses. Pura e simplesmente, não há um sistema representativo no Brasil. Há um sistema de coleta de votos para candidatos pré-selecionados segundo os interesses do grupo dominante e uma máquina de drenagem de impostos para sustentar nos seus cargos os antagonistas diretos e cínicos do povo brasileiro. Por isso mesmo, todo discurso anticorrupção que se baseie na defesa das “nossas instituições” é uma fraude que tem de ser denunciada tanto quanto a corrupção mesma.
17) Duas épocas
Categoria : Política
Um dos sinais mais óbvios da autenticidade humana de um movimento político é a sua capacidade de inspirar grandes obras de literatura. Todo movimento revolucionário, no início, tem esse dom, pela simples razão de que há sempre injustiças no mundo e a revolta contra elas é uma tendência natural do coração humano. Os revolucionários apenas se apropriam dela e a utilizam como canal para a conquista do poder. Invariavelmente, tão logo instalados no poder eles multiplicam e reforçam as injustiças em vez de eliminá-las. Isso não acontece por uma coincidência ou por algum desvio dos ideais revolucionários, mas por efeito incontornável da própria mecânica revolucionária. Quem sobe ao poder em nome de uma sociedade futura, amaldiçoando a sociedade presente na sua totalidade, só se submete ao veredito do futuro e da História, colocando-se portanto acima do julgamento dos vivos. A cristalização do impulso revolucionário numa ditadura totalitária é assim o caminho normal e normativo das revoluções sociais e não uma distorção dos seus propósitos iniciais.
18) Descrédito geral
Categoria : Política
Uma pesquisa da CNT, Confederação Nacional dos Transportes, traz alguns dados fundamentais para a compreensão do estado de coisas no Brasil de hoje. O relatório completo está aqui, mas a tabela que reproduzo neste artigo (página 45 do relatório) fala por si. A pesquisa buscou averiguar, com uma amostragem significativa colhida em várias regiões do país, quais as instituições em que o povo brasileiro mais e menos confia: igrejas, partidos políticos, governo, mídia etc. É uma pergunta temível, que anuncia choro e ranger de dentes. Entre mortos e feridos, a principal vítima foram as Forças Armadas. Semanas atrás, afirmei que, tendo sido por décadas a instituição exibida em todas as pesquisas como a mais confiável do país, elas logo perderiam esse estatuto e rastejariam na lama do descrédito junto com a mídia e os políticos. O motivo que me levou a esse prognóstico sombrio foi a longa série de hesitações, embromações e desconversas pomposas com que os militares responderam ao clamor de seus admiradores devotos por uma “intervenção militar” supostamente salvadora. A sucessão de vexames entremeados de ostentações de patriotismo histriônico, que teve um ponto alto no ridículo desfile de Sete de Setembro em recinto fechado, chegou ao auge no show de puxassaquismo e concordância ideológica oferecido pelos comandantes das três armas ao representante do Foro de São Paulo, Aldo Rebelo.
19) Chavões e realidades
Categoria : Política
Chavões, frases-feitas, clichês, estereótipos ou como se queira chamá-los existem para que o sujeito que não pensou num assunto possa obter a concordância imediata de outro que também não pensou. Onde quer que você ouça ou leia um desses maravilhosos substitutivos do pensamento, pode ter a certeza de que está assistindo a um encontro de dois corações que se apóiam e se reforçam mutuamente sem nenhuma interferência do objeto sobre o qual fingem estar conversando. Por exemplo, quando um cidadão afirma: “Esquerda e direita são conceitos superados”, o que ele quer dizer é: “Eu sou superior a essas coisas.” O ouvinte, mais que depressa, responde: “Eu também.” E saem os dois muito contentes da sua superioridade, enquanto as duas forças inexistentes continuam a disputar o governo, xingar-se uma à outra, boicotar-se mutuamente e até trocar tiros, como se existissem. A verdade é que nenhum fato ou coisa deste mundo, por pequeno e modesto que seja, se deixa apreender na linguagem dos chavões. Estes não têm nada a ver com a descrição de realidades, mas apenas, na mais bem sucedida das hipóteses, com a expressão da harmonia ou desarmonia entre as almas do falante e do ouvinte.
20) O mal na política
Categoria : Política
Muitas vezes o leitor já deve ter-se perguntado como é possível que tantas pessoas, aparentemente racionais, amem e aplaudam os governos mais perversos e genocidas do mundo e se recusem a enxergar a liberdade e o respeito de que elas próprias desfrutam nas democracias ocidentais, ao mesmo tempo que continuam acreditando, contra todas as evidências, que são moral e intelectualmente superiores aos que não seguem o seu exemplo. Hoje em dia essas pessoas, no Brasil, são a parcela dominante no governo, no Parlamento, nas cátedras universitárias, no show business e na mídia. A presença delas nesses altos postos garante a este País setenta mil homicídios por ano, o crescimento recorde do consumo de drogas, o aumento da corrupção até a escala do indescritível, cinquenta por cento de analfabetos funcionais entre os diplomados das universidades e, anualmente, os últimos lugares para os alunos dos nossos cursos secundários em todos os testes internacionais, abaixo dos estudantes de Uganda, do Paraguai e da Serra Leoa. Sem contar, é claro, indícios menos quantificáveis, mas nem por isso menos visíveis, da deterioração de todas as relações humanas, rebaixadas ao nível do oportunismo cínico e da obscenidade, quando não da animalidade pura e simples. Isso torna a pergunta ainda mais crucial e urgente. A resposta, no entanto, vem de longe.